No dia 25 de março de 2025, embarquei para mais uma missão que mudaria não só a vida de quem iria ouvir a Palavra de Deus em sua própria língua, mas também a minha.
O destino: Timor Leste.
O objetivo: realizar sessões de consultoria bíblica oral com a equipe de tradução da língua Idate — um povo precioso, com uma história viva e uma língua profundamente enraizada em sua identidade.
Cheguei carregando mais que bagagens; trazia expectativas, responsabilidades e uma grande vontade de servir com excelência.
Logo no início, participei de reuniões com líderes da Jocum e da Rhema, organizações que também têm o coração voltado para as Escrituras e o discipulado de nações.
As conversas abriram portas para futuras colaborações e me deram uma visão ampla do que Deus está fazendo naquele país.
No dia 27, demos início a um treinamento essencial. Durante uma tarde inteira, das 14h às 17h, ensinei os princípios do modelo holístico da tradução bíblica oral.
Falamos sobre a importância da ética no processo, o papel da comunidade, a natureza da oralidade e o envolvimento com a história do povo. A interação foi rica — houve partilha de experiências, perguntas sinceras, e histórias reais que deram vida aos conceitos. Foi uma tarde de aprendizagem mútua, onde senti que algo novo estava sendo plantado nos corações dos participantes.
A consultoria com a equipe da língua Idate começou no dia 28, e desde o início enfrentei um grande desafio: o processo era trilíngue.
Os textos estavam traduzidos para o Tetum, e eu precisava interpretá-los para o português, enquanto orientava a equipe sobre a fidelidade ao texto bíblico e a naturalidade na língua Idate. A facilitadora Luciana fazia a ponte com o Tetum, e o tradutor principal, chefe Tomas — um líder respeitado da aldeia Baharedo — trazia suas contribuições como falante nativo.
Nos dias seguintes, mergulhamos no livro de Rute. A tradução avançava devagar, mas com profundidade. No dia 30 de abril, por exemplo, passamos a manhã inteira em apenas três versículos. A tarde foi mais produtiva, chegando até os versículos 10 e 11. Cada termo era uma nova descoberta. Cada palavra, uma ponte entre culturas.
No dia 2 de abril, realizamos uma sessão intensa sobre o capítulo 2 de Rute. Presentes estavam a Consultora em Treinamento, a Translation Advisor, a Auxiliar técnica, e o tradutor. Foi um dia decisivo. Descobrimos palavras em Idate para conceitos como benevolência, graça, misericórdia, além de termos importantes como cevada, campo, colheita, marido, moça, senhor (patrão) e até mesmo para deuses.
Também trabalhamos com os conectores textuais, muitas vezes invisíveis, mas essenciais para dar coesão e sentido à narrativa. No fim do dia, concluímos o capítulo com êxito. Mas nem tudo foi fácil.
Algumas dificuldades técnicas e estruturais marcaram esse processo: a equipe de tradução ainda não tinha um brief de tradução definido, nem uma lista clara de termos-chave. Além disso, percebi que a língua Idate tem sido fortemente influenciada pelo Tetum e pelo Português.
Isso exigiu de nós um esforço extra para identificar formas mais autênticas e naturais de expressar os conceitos bíblicos. Também notei que a estrutura do texto fonte ainda interfere na fluência da tradução — um aspecto que orientei para ser ajustado nos próximos rascunhos.
Apesar dos desafios, cada passo valeu a pena. Foram oito dias de trabalho intenso, mentoreando, treinando, escutando, investigando termos e encorajando a equipe.
Mas, acima de tudo, foram dias de ver a fidelidade de Deus em cada detalhe — no compromisso dos tradutores, na beleza da língua Idate, e na certeza de que a Palavra está chegando, viva e clara, ao coração desse povo.
Voltei para casa com o corpo cansado, mas o coração em paz. O Timor Leste me ensinou mais uma vez que traduzir a Bíblia não é apenas um ato linguístico ou acadêmico. É um ato espiritual. É dar voz ao Verbo em cada cultura. É participar do mover de Deus entre as nações.
Ao chegar em casa no dia 4, logo começamos os preparos, pois no dia seguinte, 05 de Maio, queríamos agradecer a Deus por nos conceder 8 anos de casados, e dentro desse processo o Senhor nos permitiu constituir família em serviço ao Reino.
Fizemos um celebração muito simples, apenas com os maigos mais proximos e os irmãos que se reunem conosco.
Deus tem sido extremamente gracioso conosco.
Tive a honra de participar do lançamento da pesquisa feita pela Sociedade Bíblica Unida, a pesquisa The Patmos World Bible Attitudes Survey. que é de grande utilidade para entender, com profundidade e base científica, onde se localiza no mundo aqueles com maior necessidade das Escrituras.
Em breve estarei trazendo algo específico sobre os dados e informações encontrados nesta pesquisa para que você possa entender melhor.
No último dia 31 de Março terminamos mais uma onda do movimento de Leitura Bíblica contando com mais 300 participantes de toda Indonésia e de países vizinhos, como: Malásia, Timor Leste e Singapura.
No dia 01 deste mês iniciamos a 12 onda do movimento nacional de leitura da Bíblia e contamos desta vez com 275 participantes assíduos. Nesta última sexta feira tivemos nosso encontro semanal onde falamos sobre “O conhecimento de Deus e como Obtê-lo”
Estamos fazendo uma série de webinários, abordando o tema “ COnhecendo a Deus através das Escrituras”.
Tivemos uma reunião muito especial com o irmão Fredy, da Bible League Indonesia. Estavam comigo a Jennifer, a Cindy e a Masily.
Foi incrível perceber como nossas visões se encaixam — queremos ver a pobreza bíblica sendo erradicada na Indonésia, e os dois ministérios têm muito a contribuir juntos!
Saímos muito animados com o que Deus pode fazer por meio dessa parceria. A Bible League tem sido uma grande bênção para a igreja aqui, e cremos que juntos podemos alcançar ainda mais vidas com a Palavra!
Este relatório é um resumão das nossas principais atividades.
Obrigado pela cumplicidade neste ministério.
A Ele toda glória.
Manoel Pedro
